25 de mar. de 2021

LAMPIÃO CHEGAVA PELA PORTA ABERTA DE MACAPÁ, HOJE JATI-CE.

 Por Luís Bento

LAMPIÃO, nas suas frequentes incursões ao Cariri. Via de regra, Lampião chegava pela porta aberta de Macapá, hoje JATI-Ce.

O sítio Serra do Mato ainda hoje de difícil acesso, imagina nos tempos de Lampião! Só vai lá quem tem negócio. O Coronel Antônio Joaquim de Santana era dono de todas as vidas, mandando com mão de ferro nas pessoas e na natureza, verdadeiro paraíso ecológico com muito verde, um engenho de rapadura, frutas e sombras que faziam da quela região um oásis. Lampião ficava hospedado na própria residência do seu proprietário, enquanto os Cangaceiros ocupavam um grande galpão, " batendo pernas" pelas cercanias, absolutamente tranquilos, inclusive bebendo pinga na vilazinha de Gameleira do Pau ou Gameleira de São Sebastião. Ali estavam na vida que pediram a Deus, com paz, segurança e fartura, recuperando os quilos perdidos e dormindo sem sobressaltos.
Ali, a 300 metros, ficava a residência temporária de Júlio Pereira, sendo alfaiate em Juazeiro, casara com a sobrinha do Coronel Antônio Joaquim de Santana e, por herança, receberá uma trincha de terra na própria Serra do Mato, como gostava do Cangaço, ficava a " peruar", as conversas, passando a ser o notório fornecedor de munição a Lampião.
Pois bem, Júlio Pereira comprava munição em Juazeiro, colocava na corona de sua sela, atravessava Barbalha tranquilamente e entregava tudo a Lampião, na Serra do Mato. Em seguida, Lampião voltava para Pernambuco sem dar um tiro, não em atenção ao Padre Cícero, com se diz, mas para não perder este excelente Canal de suprimento, que era Júlio Pereira. Uma vez abastecido, Lampião rumava para os sertões pernambucanos. Portanto, fica assim explicado porque Lampião vinha de duas ou três vezes por ano ao Cariri, " em cujo cofre do Coronel Antônio Joaquim de Santana guardava jóias e dinheiro", segundo dizem.
Assim sendo, Lampião entrava e saía do Cariri pela porta de sempre: Macapá atual JATI, sem dar um só tiro, não em atenção ao Padre Cícero, mas por causa da sua própria sobrevivência. Tanto isso é verdade que, no dia em que, sem dinheiro e sem munição, não encontrou o coronel Santana na Serra do Mato, desesperado, na volta, prendeu o fazendeiro Pedro Vieira Cavalcante no barreiro das Cacimbas, que é Ceará porque é Jardim, cobrou 5 contos de réis de resgate e o matou brutalmente. Por que, desta vez, não teve ele atenção ao Padre Cícero?

Fonte: Napoleão Tavares Neves
Cariri: Cangaço, Coiteiros e Adjacências
Pág 22 - 23.
LUÍS BENTO
JATI 24/03/21.

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