10 de mar. de 2021

MORTE DO AMÂNCIO FERREIRA DA SILVA O DELEGADO DELUZ - PARTE 3

Por José Mendes Pereira

FAMÍLIA DE DALVA ESTAVA INTRANQUILA              

O comportamento do animal Deluz era muito difícil uma mudança. E o pior era que nem João Marinho e nem os irmãos da Dalva tinham a quem recorrer, porque o militar se dizia dono da lei e o mandão do lugar. Recorrer a quem, finalmente? Toda família da Dalva estava arrasada, principalmente ela que era obrigada a suportar aquele monstro em sua vida. Os pais da Dalva não sabiam mais o que fazer. Haviam perdido o sossego total, quando antes era uma família mais feliz, respeitada e amada naquela localidade do São Francisco.                   

As irmãs morriam de pena com o inferno que ganhara a mana, Os irmãos começaram uma espécie de afastamento daquele imbecil homem e passaram a odiá-lo. Cortavam caminho para não se encontrarem com o maldito Deluz.         

Mas o João Marinho não queria ver os seus filhos envolvidos em encrencas, e  tentava amenizar aquela situação, dizendo que deveriam esperar mais uns dias, pois poderia o péssimo genro mudar aquele comportamento ridículo. O que mais desejava o João Marinho era a paz entre seus filhos, para não vê-los em porta de delegacia ou até mesmo presos. Não querendo ser seu inimigo e sabendo de seu desejo de possuir mais um taco de terras, além do que já tinha lhe dado, cedeu algumas tarefas numa região da caatinga fechada, chamada Araticum. Ali o famoso delegado fez sua fazendinha.                                 

DALVA ENGRAVIDA NOVAMENTE.

Com a doação deste outro pedaço de  terras que o João Marinho fez ao genro Deluz o casal foi morar em Araticum. Mas o pai não estava muito satisfeito e nem esperava que a Dalva fosse feliz naquele lugar, porque achava que lá era que o seu sofrimento seria pior, por estar longe dele, da mãe, dos irmãos e das irmãs.          

Com o passar dos meses outra novidade no seio daquela família. A Dalva engravidou pela segunda vez, nascendo  outra menina herdeira do carrasco Deluz. Em batismo recebeu o nome de Maria Luíza, e no decorrer do seu crescimento foi carinhosamente chamada de Zizi. Todos confiavam que as coisas iriam mudar para melhorar a vida da Dalva, já que o militar estava cheio de novos projetos e desejava aumentar suas terras. 

Além das terras que o sogro João Marinho tinha feito doação Deluz passou a desejar terras do concunhado, e ciente de que solicitando o João Maria Valadão cederia, findou o convencendo a ceder um pedaço de terras para aumentar o seu projeto, cujo foi atendido. Além do que lhe cedera João Maria, fez negócio em mais algumas tarefas. A de Deluz começaria por um trilho que se iniciava no riacho da Barra, mas não obedeceu e avançou de terra adentro.        

Agora as terras do Araticum se tornaram numa fazenda de grande porte, fazendo com que o João Marinho crescesse os olhos e resolveu não mais entregar os documentos de posse ao genro. A partir disso, as desavenças começaram devido à cobiça de ambos. O militar ficou bravo com a atitude do pai de sua esposa e a desavença chegou ao ponto maior. 

NOVAS DESAVENÇAS ENTRE O SARGENTO DELUZ E A FAMÍLIA DE DALVA.

A arrogância do Deluz era estampada no seu olhar. Criar confusão com a família da esposa era uma das suas especialidades. Agora, por último, não estando satisfeito com as terras cedidas pelo seu concunhado Valadão passou a desejar mais uma parte da grande propriedade do sogro, no intuito de crescer como lavrador. O difícil era que o sogro não lhe cedia mais nenhum taco de chão, muito menos a sogra dona Maria Gomes, que não autorizava ao esposo entregar outras terras ao maldito genro. E já que não encontrou apoio dos sogros Deluz criou uma preocupação para os familiares da esposa.  Além de não dar mais atenção a Dalva decidiu  investir nas terras do Brejo, se considerando o dono dali, do regimento  e da razão.

Não aceitando as exigências do famoso delegado João Marinho tomou uma inteligente decisão: Já que o genro a cada dia vinha tentando infernizar mais ainda a vida de sua filha e deles não lhe liberaria mais terras. Elas foram adquiridas através do seu trabalho, do seu suor, do suor dos seus queridos filhos e o carrasco Deluz não iria tomá-las de maneira alguma.

Afirmam alguns pesquisadores que Deluz apesar de seu gênio ser violento e de brutalidade extrema era uma pessoa que odiava trapaças.  Não admitia de forma alguma pessoas quererem o que não era delas. Sempre agia conforme a lei mandava. E por que queria as terras do sogro?

OS SOGROS DE DELUZ ESTAVAM AFLITOS.

Aquela confusão entre os sogros, Dalva e Deluz foi à desgraça para o policial, pois o bicho tinha sido criado e não havia mais jeito de exterminá-lo. Era muito difícil uma reconciliação entre Deluz e os familiares de Dalva, pois a possibilidade de viverem novas amizades diante daquele quadro de rixa e ódio era bastante restrita. Os sogros e irmãos da Dalva eram pessoas pacíficas, amigos de todos. Os filhos do João Marinho nunca brigaram com ninguém, mas as maldades que Deluz fazia com a sua irmã Dalva fizeram com que eles se revoltassem contra ele. Mas como em todo conflito sempre tem um fio de paz ao redor das desavenças, um resto de esperança ainda existia.       

João Marinho pai da Dalva e sogro do Deluz acreditava numa possível mudança do genro, porque sempre há um fio de esperança, e Deus não iria permitir que aquele desgraçado arruínasse a convidência da sua família.

Os moradores do Brejo estavam de salto alto diante daquele conflito, temendo uma confusão maior, talvez com derramamento de sangue. Que Deus entrasse no meio daquele desassossego para sossegar todos,  porque ali, sempre foi um lugar que a rainha paz reinava. Todos queriam aquela amada família presente no ceio de Brejo.  Os filhos de João Marinho o seu maior esporte era trabalhar nos roçados, campear a vacaria da fazenda e correr atrás de bois naquelas fechadas caatingas. Não eram amadores de armas atiradas às costas com cartucheiras enfeitadas de balas como se fossem policiais ou grupos de cangaceiros do afamado capitão Lampião. Gostavam mesmos eram de admirar as façanhas dos bons vaqueiros como: Hortêncio, Agenor, Santana e Zé Marinho famosos vaqueiros da região do Canindé.  Escurinho, Teiú, Cana Preta e Bizarria, que faziam o chão balançar naquele sertão de cactos.

CONTINUA AMANHÃ...

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