6 de set. de 2016

PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA

Por Analucia Gomes

Fora o cangaço, dois outros elementos que surgiram nos sertões nordestinos constituíram o fanatismo religioso e o messianismo, a exemplo de Canudos (na Bahia) com Antonio Conselheiro; de Caldeirão (na chapada do Araripe, município do Crato, no Ceará) com o Beato Lourenço; e dos seus remanescentes em Pau de Colher, na Bahia. 


O cangaço, o fanatismo religioso e o messianismo são episódios marcantes da guerra civil nordestina: representaram alternativas através das quais a população regional pode retaliar os danos sofridos, garantir um lugar no céu, alimentar o seu espírito de aventura e/ou conseguir um dinheiro fácil. Nesse contexto, surge a figura do Padre Cícero Romão Batista, apelidado pelos fanáticos de Santo de Juazeiro, que nele viam o poder de realizar milagres e, sobretudo, uma figura divina. 

Endeusado nas zonas rurais nordestinas, o Padre Cícero conciliava interesses antagônicos e abrandava os conflitos entre as classes sociais. Em meio a crendices e superstições, os milagres muitas vezes, resumidos a simples conselhos de higiene ou procedimentos diante da subnutrição, atraiam grandes romarias para Juazeiro, ainda mais porque os seus conselhos eram gratuitos. 

O Santo de Juazeiro, contudo, a despeito de ser um bom conciliador e uma figura querida entre os cangaceiros, utilizava a sua influência religiosa para agir em favor dos "coronéis", desculpando-os pelas violências e injustiças cometidas (João Cândido da Silva Neto).

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