Por: José Mendes Pereira
Dona Dolores. Só. Não tenho conhecimento do seu verdadeiro nome. Era uma senhora magra, sem beleza física, bastante morena, no bom sentido, negra e de branco somente os dentes quando sorria. Cabelos enroscadinhos. Mas era uma pessoa muito humana, que gostava de ajudar as pessoas carentes. Menos bebidas e entrada para o seu forró. Só bebia e só dançava se pagasse adiantado.
Ela afirmava que era paulista de corpo e alma. Mas outros diziam que a dona Dolores não sabia nem para qual lado ficava São Paulo. E havia nascido em terras mossoroenses. Se era ou não paulista, fundou um bar com o nome de fantasia "Bar da Paulistinha", e posteriormente um famoso forró no grande Alto de São Manoel, e por lá, vivia sem muitas dificuldades, comprando e pagando os seus estoques de bebidas que sustentavam o forró nos finais de semana. Era famoso o seu forró. Aos sábados, o ambiente ficava lotado de dançadores e dançadoras.
http://www.artigoindefinido.com.br
João Caio apesar de ser perseguido pela mulherada devido ser um grande dançador de forró, era solteirão, e vivia de consertar automóveis. Sendo muito econômico, não fumava e nem bebia, trabalhava a semana inteira, e aos sábados, sem exceção, encontrava-se no forró da dona Dolores para gastar o que havia ganhado no seu ofício de mecânico.
João Caio recebera lá da Paraíba uma notícia que o seu pai havia falecido. Arrumou-se, pegou o ônibus e foi participar do velório do seu genitor. E durante os dias que lá ficou, e ao retornar, chegou totalmente sem dinheiro. Mas o falecimento do seu pai não o fez desistir de ir ao forró da dona Dolores, porque era viciadíssimo. Mesmo liso, saiu de casa na certeza que a dona Dolores o deixaria entrar para o forró, e pagaria as despesas feitas por ele na semana entrante.
saojoao.leiaja.com
Ao chegar, o forró já havia iniciado. Falou com o porteiro que o deixasse entrar, na semana seguinte pagaria o atrasado. Mas o porteiro alegou que não era o dono do forró, isso só com ordem da dona Dolores.
Sem chance de entrar, pediu que ele a chamasse, pois tinha certeza que ela o deixaria entrar, já que era um freguês desde a primeira noite que o forró surgira.
Assim que a dona Dolores chegou à entrada do salão João Caio repassou para ela que estava sem dinheiro, porque o seu pai havia falecido, e foi necessário ele fazer uma viagem até a Paraíba, para assistir o sepultamento dele. Como havia chegado naquele dia, não fizera serviços de mecânicas, por isso estava sem dinheiro, e queria entrar para dançar.
Mas a dona Dolores foi curta e sincera, afirmando-lhe que não aceitava de jeito nenhum, ninguém entrar em seu forró sem pagar.
João Caio tentou novamente convencê-la para liberar a sua entrada. Mas ela usou as mesmas palavras.
Sem chance de participar do forró, João Caio disse-lhe:
- Quer dizer que a senhora não vai me deixar entrar para o forró esta noite, não é?
- É isso mesmo o que o senhor ouviu da minha boca. Não deixo ninguém entrar no meu forró sem pagar.
- A senhora tem razão - dizia João Caio - o forró é seu. Mas amanhã logo cedo, eu vou até ao Ibama, e vou dizer lá, que tome as necessárias providências, porque aqui neste forró tem uma macaca solta.
vini66.blogspot.com
A macaca que João Caio se referia era a dona Dolores, por ser magra, feia e mal arrumada, aparentava uma macaca.
Depois disso, o João Caio nunca mais colocou os seus pés no forró da dona Dolores.
Como o João dançava muito, tinha momento que os dançadores não caiam na dança, ficavam olhando o remelexo do homem com a sua parceira.
Com a ausência do dançador e a mulherada gostava de cair na dança agarrada a ele, o forró foi fracassando, chegou ao ponto de fechar as suas portas.
Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Fonte:
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2013/10/bar-e-forro-da-paulistinha-cuidado-o.html
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário