Por José Mendes Pereira
Este artigo foi publicado no http://blogdomendesemendes.blogspot.com no dia 22 de Janeiro de 2012. A publicação neste blog é só para efeito de arquivo
O capitão Alfredo Bonessi diz em seu artigo: “Um olhar sobre Angico Parte I...”páginas do Cariri Cangaço", que "Maria Bonita já vinha se queixando de Lampião, da vida que levava, pois queria ir embora para casa, largar a vida de cangaceiro, mas Lampião não queria. O casal estava brigado e havia discutido muito. Maria Bonita estava de astral novo, pois ela tinha cortado os cabelos".
Em minha humilde opinião Maria Bonita não só estava cansada da vida que levava, como já havia adquirido o medo de viver embrenhada às matas, sabendo que a qualquer hora poderia ser morta pelas volantes policiais.
Maria Bonita quando se embrenhou às matas estava dominada pelo o cupido, e depois de tantos sofrimentos, descobriu que havia se enganado, pois a sua loucura pelo o movimento do capitão Lampião era uma simples ilusão. Por esta razão, exigia do seu companheiro a desistência daquela amaldiçoada vida.
Foram oito anos vividos e perdidos entre os serrados. A vida do cangaço era um verdadeiro inferno, sofrendo naquelas matas como se fosse um animal, e como saldo, apenas ganhara o sol forte, poeiras, chuvas, dormindo no chão, desprovida de um acomodado teto, distante das festas decentes que aconteciam na sua terra querida, a solidão presente a todo instante, saudade dos pais, irmãos, familiares, amigos, parentes e aderentes.
Viveu o inferno que ela mesma o desejou. Queria voltar ao seu amado chão, abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos e lhes dizer, que a partir daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria Bonita.
Mas Maria Bonita apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois a Rosinha de Mariano fora assassinada a mando de Lampião, e ela mesma sabia que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em busca dos seus familiares, com certeza seria seguida pelos cangaceiros, todos ordenados por Lampião.
Viveu o inferno que ela mesma o desejou. Queria voltar ao seu amado chão, abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos e lhes dizer, que a partir daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria Bonita.
Mas Maria Bonita apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois a Rosinha de Mariano fora assassinada a mando de Lampião, e ela mesma sabia que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em busca dos seus familiares, com certeza seria seguida pelos cangaceiros, todos ordenados por Lampião.
As caatingas são bem melhores do que a prisão
Mas Lampião como chefe de bando jamais imaginou sair daquela sofrida vida. Para ele, liberdade, somente entre os serrados, livrando-se de estilhaços de balas, pois se assinasse a desistência do cangaço, com certeza iria passar pelas mãos vingativas de policiais. Não desistiria e nem autorizaria a saída de sua companheira do cangaço.
As conversas mantidas por Pedro e Lampião
Em relação às conversas mantidas por Pedro e Lampião dentro da mata eu suponho que o interesse de Pedro era para saber se o bando iria passar mais alguns dias na Grota, ou se já estava de bagagem pronta para partir para outro lugar, pois é quase certo que
Pedro de Cândido já vinha sendo pressionado pela volante de João Bezerra, e, temendo ser executado, que na época um policial ditava as regras, foi obrigado a delatar o lugar onde os asseclas se encontravam. Lampião que não tinha maldade no seu coiteiro caiu na malha fina preparada por ele.
Pedro de Cândido à esquerda - Acervo João de Sousa Lima
Quanto ao suposto envio de balas pelo tenente João Bezerra a Lampião, não há como eu acreditar, pois é muito difícil um perseguidor fazer venda de munições ao seu perseguido, e em seguida ir atacá-lo.
O jornal de Fato - Revista exemplar - Edição 315/2008 “Domingo” publicou um artigo do escritor Paulo Gastão que entrevistou o Durval, Rosa.
Diz o escritor: “Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior ele desceu a serra e foi levar um saco de balas dividido em duas porções em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material? Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico foi curto e grosso". "-A polícia!”.
Paulo Gastão
Quando eu falo que não há como eu acreditar, não me refiro às palavras do escritor Paulo Gastão, e sim, as de Durval Rosa, pois o escritor apenas diz o que o depoente disse.
Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por João Bezerra a Lampião. E tudo que ele fala neste artigo, eu estou de acordo com ele.
Eu não duvido que alguns policiais desprovidos de patentes, e que não participavam das perseguições aos bandidos, tenham feito vendas de balas a
Lampião, pois na época do cangaço não era necessário se apresentar documentos para tal compra, e também quem guardava as avantajadas caixas de balas eram os próprios policiais, que eles mesmos poderiam negociá-las, sem que as autoridades, como sargentos, tenentes e capitães soubessem o total de balas estocada.
Durval Rosa - irmão de Pedro de Cândido
Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por João Bezerra a Lampião. E tudo que ele fala neste artigo, eu estou de acordo com ele.
Eu não duvido que alguns policiais desprovidos de patentes, e que não participavam das perseguições aos bandidos, tenham feito vendas de balas a
O cão Guarani em Piranhas
Quanto ao cachorro de Lampião que fora pego em combate pela volante de Zé Rufino, e posteriormente entregue ao Tenente João Bezerra lá em Piranhas, e sessenta dias depois o animal estava na companhia do seu dono, é possível que ao darem liberdade a ele, isto é, o soltado, achando que ele ficaria na residência de João Bezerra, o animal tomou rumo às caatingas à procura de Lampião, que não é coisa difícil para cão sair em busca do seu dono.
Corisco foi um traidor ou não?
Em relação a não presença de Corisco ao coito, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angicos, eu busco resposta para isso.
Corisco
Alcindo Alves Costa diz em (Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos): “-Uma estranha versão conta que nos últimos dias que antecederam o cerco na Grota de Angico, os famosos José Lucena e Aniceto Rodrigues foram até o coito, com a finalidade de acertarem algo que poderia mudar os caminhos do banditismo com o falado Diabo Loiro”. Continua o escritor: “-É esta visita misteriosa, um dos grandes segredos que cercam os fatos de Angico”.
Alcino Alves Costa
Teria sido Corisco um dos traidores de Lampião, entregando o rei aos famosos José Lucena e Aniceto Rodrigues, já que eles foram ao seu coito com a finalidade de acertarem algo que poderia mudar os caminhos do banditismo?
Quando aconteceu a chacina que levou o rei, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, Corisco e seus asseclas se encontravam acoitados entre as fazendas de nomes: Coidado e Emendadas.
Será que Corisco não foi para o acampamento quando aconteceu o ataque aos bandidos, porque sabia o dia em que seria feita a chacina, uma vez que a volante não iria ter tempo de escolher quem morreria e quem ficaria vivo? E aí, leitor?
Será que Corisco não foi para o acampamento quando aconteceu o ataque aos bandidos, porque sabia o dia em que seria feita a chacina, uma vez que a volante não iria ter tempo de escolher quem morreria e quem ficaria vivo? E aí, leitor?
Estas são as minhas humildes opiniões.
José Mendes Pereira
José Mendes Pereira
Minhas Simples Histórias
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Pois é caro Pesquisador Mendes, como sabemos - confirmando as palavras do mestre Alcino Alves Costa -, o ANGICO daquela madrugada guarda muitos mistérios. Como eu sinto dificuldade em acreditar que um oficial da PM vai municiar um homem da estupenda coragem de Lampião! Claro que o nobre Escritor Paulo Gastão escreveu o que ouviu na entrevista. Contudo, com a minha pouca experiência não posso opinar com segurança.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha