Por Sálvio Siqueira
O tema pelo
qual nos apaixonamos é, por deveras, bastante complexo. Inicia-se nos longínquos idos de 1755/56, mais ou menos, com o “Cabra
Cabeleira” na Zona Metropolitana da cidade do Recife.
Porém, por incrível que parece, a parte do Fenômeno Social mais estudada é a era lampiônica, que teve seu começo em princípios de 1917/18.
A maior dificuldade que os pesquisadores encontram para a realização de suas obras nas pesquisas, são o não registro das pessoas, fatos e locais do acontecido. Sabe-se muito por ‘ouvi dizer’, isso ou aquilo de determinada personagem que viveu e conviveu na história.
Há obras literárias publicadas quando ainda se vivia o Fenômeno e, pasmem, são onde encontramos as maiores controvérsias narradas sobre o mesmo.
Depois de determinado tempo, após o fim do cangaço, maio de 1940, podendo mesmo se dizer, atualmente, é que se tem feito, por parte dos pesquisadores, uma maior pesquisa, mais detalhada cientificamente. No entanto, ainda existe a sólida e intransponível barreira da falta de dados registrados, e o tempo não pára, deixando, com certeza, muito da verdade encoberta por ele. Há fatos e atos sobre o tema que jamais saberemos como realmente se deram.
Registrou-se, através da rede de comunicação em massa, existente na época, jornais e revistas, muito daquilo que se ‘queria’ mostrar. Vemos nitidamente a ‘intenção’ das matérias publicadas.
Então, meus caros amigos, esse detalhe também recai sobre as identificações das personagens que dele, o Fenômeno, fizeram parte.
Tomaremos como exemplo a passagem da senhorita Maria Gomes dos Santos pelas trilhas sinuosas e escorregadias do cangaço.
Ela, em determinadas literaturas é identificada como sendo a cangaceira Joana Gomes, companheira do cangaceiro Jacaré. Em outras, vem como a cangaceira “Moça”, companheira do cangaceiro Cirilo de Engrácia.
Ela nasceu em oito de fevereiro de 1912, numa casa do sítio Santo Antônio, próximo ao povoado de Várzea da Ema, no município de Chorrochó, no Estado baiano.
Era filha do casal de roceiros, Sr. Antônio Gomes dos Santos e de D. Joviniana Gomes Varjão. Desse casal, geraram-se nove filhos vivos, se teve abortos e/ou mortes prematuras, não dispomos de tais informações.
Os pais do Sr. Antônio Gomes, foram O Sr. Justino e D. Brasilina e de D. Joviniana, o Sr. Cláudio Cardoso Varjão e D. Tereza do Bonfim Varjão.
Dentre os filhos do casal Antônio Gomes e Joviniana, uns foram fazer parte da Força Pública, outros seguiram outras veredas e, especialmente, Joana, foi trilhar o caminho árduo e incerto do cangaço.
O local, a fazenda em que moravam, Várzea da Ema, era propriedade do coronel Petro, Petronilio de Alcântara Reis, homem que tinha traído Lampião até em questões financeiras. Devido à traição, o “Rei do Cangaço” passa a ferir o coronel naquilo que, talvez, tenha sido a principal causa de fazê-lo um traidor, seus bens. Passou a matar seus animais e incendiar suas fazendas. A Várzea da Ema foi, por vezes, atacada e incendiada pelo bando do chefe mor dos cangaceiros.
Joana Gomes se engraça do ‘cabra’ Cirilo de Engrácia. Homem rude, valente e destemido. Tem em seu funesto currículo, somando a varias outras, a morte de seu próprio irmão. Juntando-se a ele, vai aumentar o contingente do bando. Recebe como alcunha o apelido “Moça”.
Após quatro anos, mais ou menos, de vida nas brenhas sertanejas, em agosto de 1935, Joana Gomes, agora a cangaceira Moça, fica ‘viúva’. Como não era permitido ter-se mulher sozinha, sem companheiro, nos bandos de cangaceiros, ela se junta com o cabra chamado Adermórcio, que tinha o apelido de Jacaré.
“(...)"Moça (Joana Gomes dos Santos), de Cirilo de Engrácia (Cirilo Aleixo Ribeiro da Silva), e depois de Jacaré (Ademórcio)". Mais adiante, na página 379, o ilustre autor nos mostra, "(...) Quando um cangaceiro casado morria, a mulher geralmente se juntava a outro cangaceiro. Caso curioso foi o de Joana Gomes, que viveu quatro anos com o citado Cirilo de Engrácia e quando ele morreu se juntou com Jacaré(...)". ("Lampião - A Raposa das Caatingas", 2ª edição de 2014 - José Bezerra Lima Irmão)
Chegando a casa, agora Joana Gomes dos Santos, sente o prazer de estar em um lar. No aconchego de uma família.
Joana segue sua vida e vai morar na cidade de Uauá, BA. Passa grande tempo nesse lugar. Arranca dali e vai para o povoado do mocambo na Barra do Tarrachil, onde consegue trabalho em uma pensão. Dali vai para Bendengó, trabalhar em um hotel. Nesse lugar, Joana “junta-se” e vive como companheira de um Soldado de Polícia.
Há notícias de que Joana Gomes teve um filho, Petrônio, e que o mesmo fora enviado para um comandante da Força Pública, o comandante Gama. O mesmo aceita a criança e contrata para que cuide dela, da criança, a D. Arcanja.
(...)adoeceu e a doença lhe causava dores fortíssimas, tendo ela que ficar de cócoras pra aliviar-se. Descansou em um domingo, ás cinco horas da manhã do dia 26 de abril de 1953 (...)”. ( Lampião – O Cangaceiro!” - João De Sousa Lima)
Há, dentre os
pesquisadores/escritores, uma atenção especial quanto a identificação da
cangaceira citada, por determinadas imagens terem sido capturadas pelo Benjamin
Abrahão Botto, em 1936/37, data essa que já se iam um ou dois anos da data da
morte de Cirilo de Engrácia, agosto de 1935. Porém, mesmo entre os escritores
há aqueles que desconhecem que Joana Gomes, Moça, teve o cangaceiro Jacaré como
companheiro. Entretanto, em minha pesquisa, dentro dos escritos nas obras
literáriAs de vários autores, cheguei, particularmente, a conclusão de que a
cangaceira 'Moça" e a cangaceira "Joana Gomes" são a mesma
pessoa, Joana Gomes dos Santos... que viveu com Cirilo e depois com Jacaré, nas
quebradas do Sertão ardente.
Fonte Obs.
Cts.
Foto Benjamin Abrahão
Lampiãoaceso.com
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
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Amei saber um pouquinho da nossa história!!! Muito legal!!! Mto obrigada aos pesquisadores..
ResponderExcluirHallana C. Varjão Cabral